Uma visão no espelho ...

Olhou para o espelho, a procura daquele sorriso, daquela velha garota. Não achou, pensou estar louca, o que poderia ter acontecido com ela? Onde ela estaria agora? Recordou alguns acontecimentos, percebeu que estes fizeram uma nova garota, uma fria, com defesa sarcástica, que vestia a ironia de uma forma simpática, não importa o que acontecesse aquela garota deveria sumir, ela não fazia bem, apenas afastava as pessoas, o carinho se tornou inoportuno para ela, deixou a bondade de lado com quem mais amava, aquilo bastava, tinha que sumir, olhava pro céu, pedia a Deus para mudar. Olhou pros lados pensou em contar a alguém, mas já não acreditava em ninguém. Como aquela garota doce estava ficando amarga, perdeu a sinceridade consigo mesma, não sabia que o que se passava na cabeça as vezes deveria ser expelido, não aprendeu que guardar só piora o final. Olhou para o mar, se imaginou nadando nele, talvez com os peixes, se fosse uma garota melhor.

Não fazia sentido ser tão fria. Todo via, queria mudar, aquilo não era existência, quem dirá vida. Não queria ser melancólica, apenas mais amável, vai ver assim arranje amigos novos.

Tinha chegado no limite, não queria viver sozinha, mas pelo caminho que ia o fim já conhecia, bem sabia que os amores deixaria, mas não era aquilo que queria. 

Mesmo os amigos, já não eram os mesmos, pensava se a culpa era dela, deles ou pura melancolia.

Deixou que a maquiagem mascarasse o frio do coração, numa expressão falsa, para não deixar as pessoas entrarem. Não queria que se metesse, não queria seus conselhos, já bastava os próprios, nestes já não via efeito.

Não sabia se aquilo era dor, ou apenas sentimentos, não usava sentimentos, eles a faziam mal, mas a razão só iludia mais, não importa o que achasse.

Basta esta vida barata, sem graça, sem um pouco de emoção, necessitava de sorrisos, mas verdadeiros, um abraço sincero, palavras de carinho.

Chega de ser fria, irônica, de se cobrir com sarcasmo, não sabia se defender, com ironia afetava os outros assim sendo esquecida.

Recomeçar nunca é fácil, mas o difícil nunca foi ruim, mudar era, é, sempre será necessário. 

Não vale lutar batalhas passadas, só se feria mais ou feria as pessoas um pouco mais. Já pediu desculpa, mas será que foi perdoada? será que se perdoou? Talvez deveria ter deixado aquela expressão apenas na sua cabeça, assim evitava muita coisa, mas por razões da vida aprendeu a falar e poxa vida, falou demais.

Chega, agora chega de se martirizar, se não vale a luta, nem tentará, sem máscaras, sem mantos de sarcasmos, bordados de ironia, sem culpa, mas não sem sentimentos, com razão, mas não sem sentido, com defesas mais não contra o bem. 

Viver intensamente, chega de querer ser aquela garota perfeita, nem a fria também, uma normal, uma que ame, que converse, que viva feliz, que saiba sorrir, que deixe as pessoas certas se aproximarem, que saiba se curar dos maus tratos. Chega de ser de porcelana, lutar de vez em quando faz ser forte. Aprender faz ser sábio. Uma queda, faz ver o chão no qual anda.

As velhas coisas, as que são não morreram por completo, alguma ou algumas deve valer ressuscitar.

Agora é nova, uma nova garota, uma nova mulher, com Deus dirigindo, aprendendo com os erros e conhecendo um mundo novo, na espera de um melhor, sem fugir dos problemas, encarando-os, sem levar com a barriga.

Agradeceu a Deus por deixar o homem criar a escrita, não aprendeu ainda a falar de sentimentos com a eloquência que fala com ironia, mas escrevendo, nossa, se expressa muito bem.

Espera uma mudança de se mesma, uma mudança de verdade, vale tentar, ser a mesma é que não dá...